O Regresso (20/365)

O Regresso é talvez o filme mais falado dos indicados do Oscar. Grande parte é a “zueira” de mais uma indicação de Leonardo DiCaprio ao Oscar e seus probleminhas com um ursinho. Mas, o filme é bem mais que isso (ainda bem).

Logo no início você já tem um vislumbre de para que o filme veio. Uma cena intensa de ação com planos sequencia muito bem feito que me deixaram pensando “como eles fizeram isso?” O filme para mim, mostrava que, quando aquelas coisas aconteceram de verdade (o filme é baseado em fatos reais) foi exatamente dessa forma. As poses não são coreografadas e nem tem música para sublinhar os acontecimentos. Em muitos momentos, em se pensar em clichês de filmes de ação, as cenas ficam até feias. Mas, o filme é mais que ação, é uma história de sobrevivência mesmo. A ação está em momentos específicos.

Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) é o nosso mocinho. Passamos o filme torcendo por ele e somos ensinados a odiar John Fitzgerald (Tom Hardy) mas, em alguns momentos ficava em dúvida em qual achava mais interessante. Logo de cara fica bem sublinhado que Glass é um cara bom, sendo um branco viveu entre os índios e tem uma forte relação com eles. Fitzgerald porém, é o oposto, simboliza tudo que você já ouviu falar sobre os que usaram e abusaram dos “pele vermelha”. Porém, o que me chamou a atenção é que ele é também um instinto de sobrevivência. É dele que, o que era apenas um pensamento na cabeça de todos, se torna voz. É ele que, depois de, por sorte, alguns homens se salvarem de um ataque indígena, a fala que carregar um homem que provavelmente não irá sobreviver, gritando de dor, em meio à uma floresta cheia de índios não é uma boa ideia, é necessário se livrar disso. É claro que ele vai fazer isso da pior forma possível e nós, expectadores bonzinhos que somos, vamos torcer contra mas, imagine você nesta situação, ao menos em um minuto não pensaria o mesmo?

Dentre os indicados ao Oscar de melhor filme que vi até agora, acho que ele leva o prêmio. Ele leva o cinema a sério. O que o diretor busca é fazer o espectador participar o máximo possível da torturante experiência de sobrevivência junto com o DiCaprio. E ele faz isso sem muitos diálogos e apenas a ação dos personagens que nos indica o que está acontecendo.

Fotografia e direção de arte também estão de parabéns. Feridas, suor, neve e barba emaranhada estão muito bem feitas. Você tem de fazer um esforço bem grande para lembrar que aquilo tudo é maquiagem. A câmera se mostra bem atenta e busca momentos intensos para nos jogar dentro dos acontecimentos. Além de, em alguns momentos, termos a impressão de que ela irá se chocar com o rosto dos atores de tão próxima que ela chega.

Eu ainda sigo torcendo para que Mad Max leve o prêmio de melhor filme mas, se O Regresso levar também está de bom tamanho. DiCaprio também merece, carregar um filme quase que sozinho nas costas também não é fácil mas, devido à seu histórico, vamos saber mesmo só no dia 28 de fevereiro.